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NOVOS VELHOS - Walcyr Carrasco
Quando eu era criança,
considerava-se velho um homem de 60 anos. Velho só, não. Velhíssimo. Lembro meus
avós de cabelos brancos, gestos cautelosos. Tinham essa idade. Ou até menos.
Hoje, surgiu uma geração de “novos velhos”. Não estou falando da baboseira de
“melhor idade” e do lixo ideológico do politicamente correto, que tenta
maquiar a realidade com palavras delicadas. Há alguns anos, um ator nessa
faixa etária jamais seria galã de novela. Se restringiria ao papel de pai,
tio, avô. Mas galã? Atualmente, o ator Antônio Fagundes, de 62, é disputado
pelos autores. (Eu, que também escrevo novelas, sou testemunha disso.) No ano
passado, em Insensato coração, fez par com a bela Camila Pitanga. José Mayer,
de 63, acaba de atuar em Fina estampa. Tony Ramos, de 64, será um dos
protagonistas de Guerra dos sexos, ao lado de Irene Ravache, de 67. Natália
do Vale, presença constante nas novelas, está com 58. Suzana Vieira tem 68.
Todos protagonizam histórias de amor, são aplaudidos pelo público e lideram
as audiências. Às vezes, como no caso da própria Suzana Vieira, revelam
também a vida pessoal, sem medo de mostrar que podem amar e ser amados, com a
mesma intensidade dos jovens.
Fiz 60 no fim do ano passado.
Absolutamente aterrorizado. “Vou me aposentar emocionalmente”, pensei. Aconteceu
o contrário. Entrei numa fase que lembra minha adolescência. Tenho vontade de
fazer mil coisas. Comecei a malhar todo dia. Quero voltar a pintar. Voltei a
ler os clássicos e cozinho sempre. Vejo as novelas de meus colegas e todas as
séries americanas de TV que consigo. Mais surpreendente, as pessoas não se
comportam comigo como se eu fosse um idoso. Boa parte dos meus amigos tem
metade da minha idade. Os que permanecem do passado são tão animados quanto
eu. Meu colega de colegial Eduardo, divorciado e com um filho adulto, apaixonou-se
novamente. Ela? Tem a idade dele e continua tão linda como na nossa
adolescência. Sim, esta é uma outra característica dos novos velhos:
reencontram-se depois de décadas e iniciam relacionamentos. Já vi vários
amigos do passado que nunca namoraram antes se apaixonar agora.
Conversei com o professor de
educação física especializado em saúde e envelhecimento Igor Yole, da Academia
Bioritmo, em São Paulo. Ele conta que o número de alunos acima de 60 anos
aumenta ano a ano. “Nessa faixa etária as pessoas procuram saúde. Preferem
esteira e bicicletas. Também querem socializar”, diz ele. “E o fato de
conseguirem malhar faz com que se sintam mais capazes em tudo: sexo,
relacionamentos, viagens!”
A medicina também ajuda. Digo por
mim mesmo. Há anos faço um tratamento ortomolecular com o doutor Eduardo
Gomes de Azevedo, que exerce uma “pré-geriatria”. Ou seja, antecipa
tratamentos para curar os males da velhice. Tomo muitas pílulas por dia.
Tantas que, para engoli-las, poderia usar uma pá. Nas refeições, costumo avisar
a quem não me conhece:
– Desculpe, mas não sou um
paciente terminal. Isso é para ficar bem.
Em geral, me olham de um jeito
muito desconfiado. Lecitina de soja, clorofila, cápsulas de ômega 3, mando ver.
Há produtos variados, contra o envelhecimento. O mais venerado de todos é o
hormônio do crescimento (GH). Ele engana o corpo, que aumenta o metabolismo,
cria massa muscular. Quando surgiu há alguns anos, não se conhecia a dose
ideal. Fez crescer o nariz, as orelhas e a ponta dos dedos de alguns
pioneiros no uso. É tomado em doses altas por quem quer um corpo tipo
armário. Muitos médicos o usam como reposição hormonal, em doses mínimas,
diárias. Eu tomo. Há pessoas famosas que fazem o mesmo. Meus cabelos não
deixaram de ser brancos por causa do GH. Isso aconteceu, mas devido à tintura
que Mário Nunes, meu cabeleireiro, me aplica mensalmente. Sinto mais
disposição, sem dúvida.
Reconheço: para ser um “novo
velho” é preciso vaidade. Mas não só. Também não são só os remédios. O segredo
é encarar a vida de maneira positiva. Antes, chegar à terceira idade era
sinônimo de aposentadoria. Avôs e avós descobriram os valores da velhice.
Como os astros e estrelas nas novelas de TV, também podem se apaixonar, reinventar
o cotidiano e entrar numa gloriosa etapa da existência.
Afinal, a vida está só começando.
Disponível
em:
http://revistaepoca.globo.com/vida/walcyr-carrasco/noticia/2012/03/novos-velhos.html
Acesso em 07 maio 2012 (Adaptado)
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1
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O
objetivo principal do texto é
demonstrar que
a)
a velhice hoje não ocorre aos 60 anos.
b)
quem hoje tem 60 anos não se sente velho.
c)
a ciência conseguiu prolongar os anos de vida dos homens.
d)
as pessoas passaram a encarar a velhice de forma diferente
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2
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Todas
as considerações acerca do texto estão corretas, exceto
a)
Ao fazer 60 anos, o locutor do texto, pensava que iria se aposentar.
b)
Os atores com mais de 60 anos também são considerados galãs.
c)
A única saída para evitar o envelhecimento é começar a se tratar com
geriatras desde cedo.
d)
Para que a velhice não ocorra, é preciso que a pessoa mantenha-se com a mente
jovem e positiva, principalmente.
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3
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Todos
os sentimentos abaixo são percebidos no texto, exceto
a)
ironia. b) tristeza. c) otimismo. d)
conformidade
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4
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Os
termos destacados podem ser corretamente interpretados pelas palavras entre
parênteses, exceto
a)
“Se restringiria ao papel de pai,
tio, avô. Mas galã?” (limitaria).
b)
“Todos protagonizam histórias de
amor, são aplaudidos pelo público e lideram as audiências.” (personificam).
c)
“O mais venerado de todos é o
hormônio do crescimento (GH). Ele engana o corpo, que aumenta o metabolismo,
cria massa muscular.” (adorado).
d)
“Não estou falando da baboseira de “melhor idade” e do lixo ideológico do politicamente correto,
que tenta maquiar a realidade com palavras delicadas.” (idealista).
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5
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Percebe-se
a interlocução entre o locutor e os locutários, exceto em
a)
“(Eu, que também escrevo novelas, sou testemunha disso.)”.
b)
“Muitos médicos o usam como reposição hormonal, em doses mínimas, diárias. Eu
tomo.”
c)
“Eduardo, divorciado e com um filho adulto, apaixonou-se novamente. Ela? Tem
a idade dele [...]”.
d)
“Sim, esta é uma outra característica dos novos velhos: reencontram-se depois
de décadas e iniciam relacionamentos.”
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6
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Há
linguagem oral em
a)
“Sinto mais disposição, sem dúvida.”
b)
“Há pessoas famosas que fazem o mesmo.”
c)
Antes, chegar à terceira idade era sinônimo de aposentadoria.
d)
“É tomado em doses altas por quem quer um corpo tipo armário”.
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7
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Os
termos destacados estão corretamente substituídos entre parênteses, exceto em
a)
Ou seja, antecipa tratamentos para
curar os males da velhice.(a fim de)
b)
Quando surgiu há alguns anos, não se
conhecia a dose ideal. (Logo que)
c)
Mais surpreendente, as pessoas não se comportam comigo como se eu fosse um idoso. (conforme)
d)
Isso aconteceu, mas devido à
tintura que Mário Nunes, meu cabeleireiro, me aplica mensalmente [...].
(porém)
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8
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De
acordo com a norma culta, a posição do pronome oblíquo está incorreta em
a)
Se restringiria ao papel de pai, tio, avô.
b)
Tantas que, para engoli-las, poderia usar uma pá.
c)
Muitos médicos o usam como reposição hormonal[...]
d)
Quando surgiu há alguns anos, não se conhecia a dose ideal.
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9
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Em
“novos velhos”, os termos novos e velhos têm, respectivamente, natureza
a)
adjetiva – adjetiva
b)
adjetiva – substantiva
c)
substantiva – adjetiva
d)
substantiva – substantiva
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Em
“Os que permanecem do passado são
tão animados quanto eu.”, os é
a)
artigo definido. b) artigo indefinido. c)
pronome demonstrativo. d) pronome pessoal do caso oblíquo.
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Em
“Há pessoas famosas que fazem o mesmo. Meus cabelos não deixaram de ser
brancos por causa do GH. Isso
aconteceu, mas devido à tintura que Mário Nunes, meu cabeleireiro, me aplica
mensalmente. Sinto mais disposição, sem dúvida.”, isso refere-se
a)
às pessoas famosas que pintam cabelo.
b)
aos cabelos brancos deixarem de ser brancos.
c)
à disposição que ele passou a sentir após pintar os cabelos.
d)
à tintura que o cabeleireiro aplica no cabelo dele mensalmente.
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Os
termos destacados têm natureza adverbial, exceto
a)
O segredo é encarar a vida de maneira positiva.
b)
Meus cabelos não deixaram de ser
brancos por causa do GH.
c)
Há alguns anos, um ator nessa faixa etária jamais seria galã de novela.
d)
Atualmente, o ator Antônio
Fagundes, de 62, é disputado pelos autores
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Admite-se
outra concordância do verbo destacado em
a)
Boa parte dos meus amigos tem metade da minha idade.
b)
O mais venerado de todos é o hormônio do crescimento (GH).
c)
Ele conta que o número de alunos acima de 60 anos aumenta ano a ano
d)
Meu colega de colegial Eduardo, divorciado e com um filho adulto,
apaixonou-se novamente.
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Há
hiato em
a)
saúde.
b)
jamais.
c)
refeições.
d)
deixaram.
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O
verbo destacado está flexionado no futuro do pretérito em
a)
Quando eu era criança, considerava-se velho um homem de 60 anos.
b)
Meus cabelos não deixaram de ser brancos por causa do GH.
c)
Se restringiria ao papel de pai, tio, avô. Mas galã?
d)
Quando surgiu há alguns anos, não se conhecia a dose ideal.
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1 D, 2 C, 3 B, 4 D, 5 B, 6D, 7 C, 8 A, 9 B, 10 C, 11 B, 12
A, 13 A, 14 A, 15 C
Fonte: http://www.fumarc.com.br/concursos/detalhe/nivel-medio-e-superior/54
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